8 outubro 2013
Categoria: Destaque
8 outubro 2013,
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BVSP 06-05-08

PREVI – REAVALIAÇÃO DE ATIVOS PB 1

Há muita desconfiança de que a Previ superavalia ativos de grande significância no total de seus investimentos. Visando estudar o assunto, analisei, com base no Relatório Anual 2012, a Litel (participação indireta da Previ na Vale), 22,71 % dos investimentos totais; Neoenergia, 6,26 % e Imóveis, 5,11%, pois não são precificadas diretamente pelo mercado. Essas aplicações juntas representam 34,08 % dos investimentos globais.  Uma superavaliação desses haveres infla significativamente os ativos totais e em consequência os resultados do plano.

Após as análises feitas nos parágrafos seguintes, concluo:

1) Litel, no total, não está superavaliada, apesar das aplicações em Renda Variável – Ações, R$ 1.522.414.228,40 estarem. Mas como essa parcela é apenas 0,94% dos investimentos totais do PB 1, e 4,16% das aplicações na Litel, R$ 36.621.023.895,37, não compromete o valor contabilizado nessa empresa. Mas essa prática, a continuar, pode gerar prejuízos futuros, quando da venda das ações, pois o mercado pode absorvê-las a preço menor do que o contabilizado;

2) Neoenergia está superavaliada. A parcela aplicada em Renda Variável – BB Carteira Livre, R$ 5.510.470.000,00 está excessivamente precificada.  O valor unitário das cotas, R$ 109,22, é 3.102,84% do valor unitário das ações da própria Neoenergia, R$ 3,52, registradas na Previ, e 5.544,16% do valor patrimonial das ações da Neoenergia, R$ 1,97. Embora a parcela aplicada em Renda Variável-Ações, R$ 4.578.894.966,16 não esteja superavaliada, como o investido em Renda Variável-Carteira Livre é a maior parcela, mais de 50%, compromete o valor contábil da Neoenergia superavaliando-a;

3) Imóveis estão superavaliados, considerando as significativas indicações nesse sentido. Algumas unidades foram reavaliadas dois anos seguidos, 2011 e 2012, mediante elevados percentuais de ajuste de suas contabilizações e outras tiveram seus registros contábeis também corrigidos com altos percentuais. A Previ não justifica, individualmente, esses reajustes;

4) Superavaliações, se ocorrerem em 2013, podem compensar o fraco desempenho do mercado financeiro e garantir, pelo menos, a dispensa de contribuições em 2014;

5) Aceitação ou não de superavaliações fica a critério individual, sob o argumento de que, de certa forma, geram alguma vantagem atual. A longo prazo podem provocar prejuízos, pois ao alienar ativos, o mercado pode adquiri-los abaixo do contabilizado. Como os assistidos do PB 1 têm idade avançada, alguns são levados a entender como Keynes, economista clássico inglês do início do século XX: “a longo prazo estaremos todos mortos”. No entanto, é preciso cautela e muito bom senso.

LITEL – É a participação indireta da Previ na Vale. R$ 35.098.609.666,97 estão contabilizados em Renda Variável – Fundos de Investimentos – BB Carteira Ativa, correspondentes a 871.753.750,8317 quotas e R$ 1.522.414.228,40 em Renda Variável – Ações = 5.648.888,000 papéis. O valor unitário das quotas = R$ 40,26 e das ações = R$ 269,50. Como a Litel na Previ significa Vale, vamos comparar esses valores unitários com os seguintes indicadores: maior cotação das ações da Vale na data mais próxima do Balanço Patrimonial da Previ e o valor patrimonial dessas ações. O valor unitário dessas cotas = R$ 40,26 está abaixo das maiores cotações das ações ON da Vale, R$ 42,28, em 28.12.2012, e das PN R$ 40,87 na mesma data.  Embora, esteja condizente com o preço de mercado, são 136,15% do valor patrimonial das ações da Vale, R$ 29,57. Mesmo assim, entendo que não há superavaliação, pois os preços de mercado consideram também outras variáveis como: expectativa de dividendos, rendas futuras e probabilidade de expansão da empresa. O valor unitário das ações, R$ 269,50, é 637,41% da maior cotação da ação da Vale acima mencionada e 911,40% do valor patrimonial dessas ações. O que torna as aplicações em ações (Renda Variável – Ações) excessivamente superavaliadas. Essa parcela em relação ao total aplicado nesse segmento é de 4,16% e 0,94% do total dos investimentos do PB 1. Portanto, entendo que não compromete o global a ponto de considerar a Litel superavaliada. Conclusão: a Litel, no total, não está superavaliada, apesar da excessiva precificação das aplicações em Renda Variável – Ações.  Mas a continuar essa excessiva superavaliação, quando da venda desses ativos, o apurado pode ser inferior ao contabilizado e gerar prejuízo.

NEOENERGIA – É uma holding de empresas do setor de energia elétrica (Coelba, Celpe, Cosern, Itapebi). Representa 6,26 % dos investimentos totais. Está contabilmente registrada em Fundo de Renda Variável – BB Carteira Livre, R$ 5.510.470.000,00, correspondentes a 50.452.604,12 cotas e em Renda Variável – Ações, R$ 4.578.894.966,16, representadas por 1.301.396.231,000 papéis.   O valor unitário das cotas = R$ 109,22 é 3.102,84 % do valor unitário da ação = R$ 3,52 (registrado na Previ) e 5.544,16% do valor patrimonial da ação, R$ 1,97. Configura excessiva superavaliação em Fundo de Renda Variável – BB Carteira Livre. O valor unitário da ação, R$ 3,52, é bem inferior ao valor unitário das ações da Coelba e Cosern (não consegui esses números de Celpe e Itapebi), significando que não há precificação excessiva em Renda Variável – Ações.  Conclusão: Neoenergia está superavaliada, devido à expressiva precificação da maior parcela, mais de 50 % do total investido em Neoenergia, BB Carteira – Livre.

IMÓVEIS – Vamos analisar a valoração desses ativos comparando 2012 com 2011. A precificação de imóveis está sendo feita, parte por empresas especializadas, em 2012 foram reavaliados 42 unidades e o restante, 28, pela Previ, totalizando um rendimento de R$ 3.009.718.169,29 = 36,53% no total do segmento. Há indícios de superavaliação. Por exemplo, as empresas especializadas ajustaram o valor contábil de Água Branca em 2011, 39,87% e novamente em 2012, 20,97%; Birman 21 em 2011, 35,79%, e novamente em 2012, 12,59% e Centro Empresarial Mourisco, respectivamente, 72,22% e 45,46%. São percentuais elevados para dois anos seguidos. Quanto aos outros 28 reavaliados pela Previ, vamos citar como sinal de superavaliação, o ajuste contábil de 2011 para 2012 (por falta de indicadores idênticos aos acima). Por exemplo, do Condomínio SCS – B, Quadra 9. Bloco A-1, registrado em 2011 pelo valor de R$ 178.032.125,69 e em 2012, R$ 281.361.388,32, variação de 58, 04 % e Praia de Botafogo, pavimentos 3 e 4, respectivamente, R$ 108.234.030,31 e R$ 154.415.105,26, variação de 42,67%. São reajustes elevados para o curto período de um ano.  Será que foram feitas benfeitorias tecnológicas ou físicas nesses imóveis a ponto de gerarem acréscimos tão elevados em suas precificações contábeis? A Previ não deu tais informações em seus relatórios.

Conclusão: as indicações de superavaliação são significativas, principalmente por falta de explicações individualizadas nos relatórios sobre melhorias tecnológicas ou físicas para justificar os elevados percentuais de ajustes. Leva-nos a crer que foram para compensar depreciações e gerar rendimentos necessários para formação de superávit do plano.

JOSÉ ANCHIETA DANTAS  janchietadantas@gmail.com

 

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